segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A TESOURA

Com seu gélido fio de aço cortante,
Guiada por manápula ébria de esmero,
Corta aqui, recorta ali em desespero,
Por zelo às suas linhas, do talho amante.

Assim se releva, hábil perante
Mil botões que se abotoam em austero
Silêncio, como as batinas do clero
Se abotoam perante um bispo arrogante.

De dia, de noite; de noite, de dia,
Corta com esgar de lâmina fria,
Pois lhe foi dado mando e poder.

Se alguém ousar questionar-lhe o ofício,
Por panos muitos e muito artifício,
Cortado será, sem piar, sem saber.

Luís R Santos

EDWARD - MÃOS DE TESOURA

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"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector