quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estrela no Sial

Sentada
Na Estrada
Quase calada
Ela sonhava
Ao som
De Schumann

Sob a luz do luar
Cantarolava
Suas rimas

E via
De longe
As luzes
Dos faróis
E com anzóis
Em mãos

Atirava contra o céu
E fisgava
As Estrelas
Que de tão grandes
Levavam horas para serem
Alçadas

Mas a alegria
Do feito
Era de tal monta
Que bastava
Fisgar uma única estrela
Para iluminar
Uma vida inteira

Roldan Alencar, 15 de Junho de 2011.

domingo, 19 de junho de 2011

Meu Diálogo Particular

Dos meus versos faço trova
Chuva, Vento e Sol
Neles canto minha prosa
E acredito que posso conversar
Com as palavras
Elas me entendem
Como nada no mundo há de entender
Escrevo no verso transverso
Da imaginação
E da realidade
Sonho
Divago
Entristeço-me
E desabafo
Oh, sim
Nenhum ombro
Nenhum peito
Hei de me escorar
Por tanto tempo
E contar minhas agruras
Para o menestrel que as levará
E retornará
Com a boca cheia de alívio
E o coração pulsando
Paz

Roldan Alencar
Campo Grande, 07 de junho de 2011.

sábado, 18 de junho de 2011

Um pouco


Um pouco chato.
Um pouco sem noção.
Um pouco doido.
Um pouco teimoso.
Um pouco bonito.
Um pouco feio.
Um pouco ansioso.
Um pouco inteligente.
Um pouco ignorante.
Um pouco amado.
Um pouco rejeitado.
Um pouco engraçado.
Um pouco sem graça.
Um pouco de tudo...
Um pouco de nada...
Libélula

A libélula
Atravessa os sete cantos
E desvenda os
Quatro elementos
Água Terra Fogo e Ar

Visita as flores
E os arcabouços
Assim descobre a tênue inspiração
Da Vida
E por isso
Vive numa alegria
Intensa

Sabe que nada deve a ninguém
Não morre de amores
Não trabalha para viver
E nem vive para comer

Vive para enfeitar o mundo
E para se deleitar
Do seu universo paralelo
E perfeito

Sobrevoa a imensidão
Que jamais enxerga por completo
Mas nem se importa
Porque  vive
Submersa em seus sonhos


E nos sonhos
Somos o que
Queremos ser
Sem que nada
De fato deva ser


 Roldan Alencar

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O tempo

           O tempo, de sorte diferente de tudo o que é material, é intocável e inaderente. O vaivém não se deixa pegar, não se junta; fermento algum o faz crescer, peso ou freio qualquer o para. Veste-se de trajes inacusáveis, tecidos angelicais irrepreensíveis, pois nada nos prometeu. Feito bonde errante, nos conduz a seu bel-prazer. Quanto ao destino, só podemos palpitar e apostar as fichas do trabalho. Canoa desgovernada que é, só nos permiti umas braçadas. Seu leme faz diáspora da programação. Todos os que nele entram devem guardar as palavras. Da boca sair ‘vou’ e ‘quero’: pernície! ‘Espero’ e ‘aguardo’: comprimidos de saúde. Feito os impostos, o tempo nos açoita, ai dos devedores! À semelhança de dinheiro inacumulável, o tempo só permite ser gasto. O comércio fervilha e é, por demais, diversificado, há de se saber onde abrir as mãos. Indo contra as acepções, ele a todos remunera.  Quantos não foram os que pensaram encher os bolsos dessa grana, mas a inflação é tamanha que a cédula nada mais vale quando dobrada. Ele não tem dono, passa na fresta, no vão e resvala, ninguém, ninguém o contém. Duma coisa estou certo: ele tem algo de canhoto, pois não age direito. Podia eu ter gasto melhor aquelas moedas temporais? De modo algum!  Criança num parquinho... nossa alegria se esbaldou... não havia lembrança nossa, menos ainda projeção. Não tentamos desenhar o destino, só deixamos no chão, os rabiscos do presente...




Roldan Alencar
Reminiscências alegres e vindouras de outro tempo e ei de vivê-las ainda...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ainda

O sino bate
As ondas vibram
E reverberam
Em minh'alma

Num solavanco
Acordo
A luz bate
Contra a janela
Minhas pupilas
Se contraem

Saio do quarto
E vejo que ainda
Não encontrei o que 
Procurava

Busco em objetos
Acontecimentos
No labirinto da mente
Nas ruas
E embaixo da cama

Experimento
Outros sabores
De outros
Lábios

Sinto o abraço
De outros braços

E escuto os sons
De outras cordas

E o calafrio
Que sinto
Nem na brasa do ferreiro
Quer se esquentar

A luz repousa
Minhas pupilas se dilatam
Deito em minha cama
E decido encerrar minha
Busca

Esqueço
Que nada do que procuro
Está além
Da vontade esquiva
E tortuosa
Do meu desejo reprimido
E esfalecido
Que um dia Vivi
E por vontade própria
Quis me abster

Roldan Alencar, 15 de junho de 2011. Campo Grande-MS


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Já dizia...

Não fazer uma escolha
Uma escolha
Exigir
Perfeição
Num mundo tão imperfeito
Pantomima transcendental!

Um tempo em que todos os males
Circuncidam
Disformes
Inaderentes

Em números cabalísticos
A utopia de um lugar a desvendar
É longínqua aos propósitos
E tão próxima está a loucura!


Roldan Alencar, 23 de fevereiro de 2011. Campo Grande-MS

quarta-feira, 8 de junho de 2011

a moment, a love
a dream, a laugh
a kiss, a cry
our rights, our wrongs...

The Temper Trap-Sweet Disposition


terça-feira, 7 de junho de 2011

Leve

Leve daqui toda mancha de saudade
Traga ventos de outros cantos
Com aromas frescos e vivos
Que o vento seja forte para eu sentir

E que o Sol
Aqueça a ribanceira
Pra eu lavar
E tirar o que restou
Em mim
Do que não precisava ser lembrado

E o que foi bom permaneça
Seja nutrido
Com o sabor
Da lembrança

Que pode ser doce
Na cara
E salgado
Na coroa

Que pode ser visto
Do norte
E nem se quer notado
Ao sul


Campo Grande, 07 de junho de 2011
Para um átimo da partícula que ousou não ser negativa nem positiva e sim nula  

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector