quinta-feira, 30 de novembro de 2017

TÊNIS X FRESCOBOL – Rubem Alves

Depois de muito meditar sobre o assunto, conclui que os casamentos são de dois tipos: há casamentos do tipo tênis e do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzche , com a qual concordo inteiramente. Dizia ele : _”Ao pensar sobre a possibilidade de casamento, cada um deveria fazer a seguinte pergunta : Crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice ?” Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Nos contos das “Mil e uma noites”, Sherazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam com a morte, como no filme “O Império dos sentidos”. Por isso, quando o sexo já está estava morto na cama, e o amor não mais podia dizer através dele, Sherazade o ressuscitava pela magia da palavra. Começava com uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da eternidade; é o amor que ressuscita sempre depois de morrer. Há carinhos que se fazem com o corpo e carinhos que se fazem com as palavras. Não é ficar repetindo o tempo todo “eu te amo, eu te amo “.

O tênis é um jogo feroz. Seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva que indica seu objetivo sádico, que é cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar, porque o adversário foi colocado fora do jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza do outro.

O frescobol se parece muito com o tênis : dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la e não há ninguém derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir…

E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola são as nossas fantasias, irrealidade, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho para lá , sonho para cá. Sonho para lá, sonho para cá…

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui , quem ganha, sempre perde.

Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então, que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Você é poesia | Roldan Alencar

Você é beleza
É plástica divina
É  linda

Você é tão "poesia"

Porque a poesia não precisa ter métrica nem padrão
(embora muitos façam questão de disso)

Quando lemos
Precisamos sentir
Deixemos as análises e discussões
Para os estudiosos, os filósofos e catedráticos

Eu quero mesmo a simplicidade de um olhar
Pois quando te vejo
Leio os seus versos

E eles dizem:

Me abraça!
Me ame!
Me acompanhe!
Agora senta aqui e fica!


Agora você dança com vento
E não importa p'ra onde ele soprar
Eu vou te acompanhar

Vamos dançar
Ser poesia
Escrever poesias por onde for
Certos dias escreveremos versos tristes
Noutros, versos de pura alegria

Mas o que importa de verdade
É que tristes ou alegres, nunca deixarão de ser versos de amor...


Roldan Alencar



Dieta e palavras | Roldan Alencar

Não costumo falar palavrões
Às vezes escapa
Reclamo
Lamento
Praguejo
Maldigo

O que me faz dizer isso?

Eu quero mesmo é falar
de coisas boas
De amor
Também quero falar bobeiras
Mas não maldizer ninguém

Quando for necessário
Quero falar com veemência
Com verdade
Quero aprender a dizer
o libertador NÃO!

E quando estiver apreensivo
Quero ter coragem pra dizer o SIM!


Quero me encher de coisas boas
De sentimentos bons
Sentimento bom é igual água
Pode beber a vontade
Não engorda

A boca fala daquilo que
o coração tá cheio

Qual será nossa dieta de hoje?

Roldan Alencar




Era fake (sobre amores líquidos) | Roldan Alencar

Mil juras de amor
Votos públicos
Tudo em paz
Sorrisos e abraços onlines
Sorrisos largos
Mas não era amor
Era simulacro
Era tipo amor
Era fake!

Roldan  Alencar

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Entrelinhas | Roldan Alencar

Eu sempre falo com ela
Mas nas entrelinhas
São canções
Poemas
Sorrisos
É um livro
Uma frase
Uma ideia
Imagens

Eu não preciso explicar
Na imaginação
As ideias ganham forma
E quando menos se espera
O que era abstrato
Vira real

Tão real
Quanto o afago
De um abraço apertado

Roldan Alencar

domingo, 12 de novembro de 2017

Sim - Sarah Renata


O nosso amor | Roldan Alencar

Que nosso amor seja leve
Mas não leve como pluma
Que qualquer vento pode levar

Que o nosso amor seja forte
Mas não tão forte a ponto de
machucar o outro

Que o nosso amor
Seja verdadeiro
Sincero ao dizer: eu te amo
E arrependido ao dizer: eu errei

Que o nosso amor seja alegre
Repleto de pequenas gentilezas

Que o nosso amor seja chama
Que pode até oscilar
Mas jamais se apagar

Roldan Alencar

Reflexão do dia

"A vida passa muito depressa. Se você não parar para olhar ao redor, você pode desperdiçá-la"

Ferris Bueller

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Reflexão do dia

A sociedade se compõe de duas classes:

uma que tem mais apetite que jantares,
outra que tem mais jantares que apetite

Machado de Assis

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Teu nome - Vínicius de Morais #umpoucodepoesia

Teu nome, Maria Lúcia
Tem qualquer coisa que afaga
Como uma lua macia
Brilhando à flor de uma vaga.
Parece um mar que marulha
De manso sobre uma praia
Tem o palor que irradia
A estrela quando desmaia.
É um doce nome de filha
E um belo nome de amada
Lembra um pedaço da ilha
Surgindo de madrugada.
/Tem um cheirinho de murta.
E é suave como a pelúcia
É acorde que  nunca finda
É coisa por demais linda
Teu nome, Maria Lúcia...

Vinícius de Morais

VOCABULÁRIO

marulha: agita-se formando ondas
palor: palidez
murta: pequeno arbusto

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O poder da meia hora

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje me dei conta do poder da meia hora, enquanto eu aguava o jardim.

Dedico meia hora para meu jardim e isso basta para mantê-lo exuberante.

Li “Mil e uma noites”, os dois volumes, um livro de mais de mil páginas, dentro de um ano, dedicando meia hora por noite.

A meia hora também vale um cochilo e a restauração da energia.
Vale uma meditação e a melhora da concentração.

Portanto, aproveite sua meia hora!

Como diz um provérbio: “Colocai um punhado de terra todos os dias no mesmo local e ao final tereis uma montanha”.


Fonte: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/o-poder-da-meia-hora/

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Aurora | Roldan Alencar

Você é coisa linda por demais
Alegria que irradia
Acorde sem fim

Você é o amanhecer
Aurora boreal

No fim do dia
Você é crepúsculo

Fusão de cores
Sabores
E sentimentos

Você é a melodia
da minha canção
favorita de amor...

Roldan Alencar



IDENTIDADE #umpoucodepoesia

"Dentro de mim mora mais de um ser. Eu sou a soma deles todos".

Identidade

Às vezes nem eu mesmo
sei quem sou
Às vezes sou
"o meu queridinho"
Às vezes sou
"moleque malcriado"
Para mim
tem vezes que sou rei,
herói voador,
caubói lutador,
jogador campeão.
Às vezes sou pulga,
sou mosca também,
que voa se esconde
de medo e vergonha.
Às vezes eu sou Hércules,
Sansão vencedor,
peito de aço,
goleador!
Mas o que importa
o que pensam de mim:
Eu sou quem sou,
eu sou eu,
sou assim, sou menino.

Pedro Bandeira, Cavalgando o arco-íris
"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector