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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Dose de poesia com Khalil Gibran

Quando o amor acenar,
siga-o ainda que por caminhos
ásperos e íngremes.
Debulha-o até deixá-lo nu.
Transforma-o,
livrando-o de sua palha.
Tritura-o,
até torná-lo branco.
Amassa-o,
até deixá-lo macio;
e, então, submete ao fogo
para que se transforma em pão
para alimentar o corpo e o coração!

Khalil Gibran

Sobre o amor | poesia de Kahlil Gibran

O Amor

E alguém disse:
Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.

Khalil Gibran

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Dose de poesia com Cora Coralina

 


“Mesmo quando tudo parece desabar, 
cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar; 
Porque descobri, no caminho incerto da vida, 
que o mais importante é o decidir” 

Cora Coralina, poetisa goiana

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Somos instantes | poesia

Somos instantes
E por isso 
Precisamos viver com intensidade

Mas intensidade
Não é agitação
É profundidade

Vibrar com a alegria
As pequenas coisas

E chorar sem medo
Quando a dor chegar

Nunca deixar de acreditar
E sempre lutar, especialmente na adversidade

Amanhã é um novo dia
Com novas oportunidades

Mas não podemos esquecer, jamais
Que a vida acontece no agora
Não é possível economizar vida pra depois
Somos instantes

Roldan Alencar


sexta-feira, 9 de julho de 2021

Sobre poetas e cientistas...

 Voltei...o bom filho a casa retorna. Fazia um tempo que não aparecia por aqui. E só foi reler Rubem Alves que a vontade reacendeu, por isso digo e repito: Rubem Alves me toca a alma.

Não consigo ficar longe das palavras. Elas são o meu refúgio. Talvez a arte de brincar com as palavras é uma forma de brincar de deus, pois aqui, no campo da imaginação tudo é possível, tudo é tangível.

E tudo que eu vejo ou leio -  eu penso em transformar em palavras ou música. É algo que foge do meu controle, então não quero e nem posso reprimir. Confesso que é um exercício individual e egocêntrico, mas sempre fico feliz em compartilhar e mais feliz quando as pessoas se identificam.

Aqui não precisa de like, curtida, comentário. A escrita é um fim em si mesmo. Aqui é o lugar onde me encontro, isso mesmo, o lugar onde sei que vou estar. Tal qual o aforismo escrito no Templo de Delfos: Conhece a ti mesmo. Que tarefa difícil, penso que a poesia me auxiliará nesse processo.

A poesia é uma forma de maximizar a beleza do mundo. Tanto é verdade, que é até na dor e na tristeza,  a poesia enxerga beleza.

Minhas palavras são parte do meu projeto de eternidade. Se lerão minhas palavras no futuro, não sei. Isso não importa, o que é importa é que enquanto as escrevo me sinto mais vivo e de certa maneira atemporal.

Hoje vou compartilhar uma poesia que fiz quando lia Tempus Fugit do gênio Rubem Alves.


Sobre poetas e cientistas


Os poetas são as pessoas mais aptas a falar de amor. Os cientistas da mente querem encapsular o amor, receio que não seja possível. O amor é como o vento, não é possível aprisioná-lo, se o fizer ele deixa de ser vento. Assim é o amor, se prendê-lo deixa de ser amor. Para existir o amor é preciso liberdade. Só os poetas entendem a natureza errante do amor.


Roldan Alencar



terça-feira, 10 de novembro de 2020

Meu pai virou poesia...


Tanta coisa p'ra dizer que não foi dita
Tantos momentos pr'a se viver que não foram vividos
Mas aquilo que foi dito e vivido
Ah, isso é eterno
Nesses momentos de perda
Fica tão claro que a vida num átimo se esvai
E o que fica é aquilo que guardamos
Parece óbvio mas não o é

Só lembramos daquilo que nos toca
E é bem verdade que nem tudo é bom
Mas o propósito destas palavras não é chorar ou lamentar
Muito pelo contrário
É rememorar
Sobretudo dedicar neste espaço todo amor que tenho guardado
E que expressá-lo
Tentar transpor em poucas palavras a alegria, o conhecimento, a garra e o amor que ele me transmitiu
Muitas pessoas tiveram o privilégio
De conhecê-lo de perto
Sim, privilégio
Pois ele foi um homem que transmitia a alegria de viver

Às vezes a impressão que tenho é que ele foi logo ali e já vai voltar
Tudo agora é uma mescla de amor e saudade
Foram tantos momentos de luta e muito amor
A vida é um sopro
E isso é um lembrete
Não vamos desperdiçar

Roldan 


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

DOS MILAGRES


O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!

Mario Quintana

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O Menino Que Carregava Água Na Peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

Manoel de Barros BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

sábado, 23 de novembro de 2019

"A vida já anda tão pesada
Se desfaça das malas que pesam mais
Se desfaça da mágoa
Se desfaça da dor
Se desfaça do ódio
Se desfaça do rancor
Cultive o amor
Pra colher as mais belas verdades
Cultive o amor
Pra colher as mais belas saudades"

 Saudades do tempo
Maneva

Saudades do tempo, dos velhos momentos
Dos anos passados que foram com o vento
Sorrisos, lembranças, belos sentimentos
De transformações e de renascimentos
Praias, viagens pela madrugada
Nossa rotina era o pé na estrada
Sempre felizes sem pensar em nada
Paisagem mais bela é o sorriso da amada

Contava as estrelas manto prateado
Sentia o calor de um abraço apertado
Fazia minha boca tocar o seu lábio
Lua iluminava com um Bob no rádio
Nas manhãs nubladas, bom humor imperava
A vida era um jogo, sem cartas marcadas
A noite no fogo, um bom som que rolava
Por entre a fumaça, diversas risadas

Como se seus ouvidos pudessem respirar
O som invadia o corpo, como se fosse o ar
O som tomava forma, sensação de bem estar
Momentos de magia, muitas formas para amar
Marcas de batom na borda de um copo plástico
No peito euforia, abraços, riso fácil
E com desconhecidos, seguia, criando laços
Transpirava alegria era dona dos seus passos
Consciência admirável como as tintas de uma tela
Seus olhos tinham o brilho das cores da aquarela
Seu cabelo ao vento era a paisagem mais bela
Tinha a complexidade de uma Vênus moderna
Ascendeu ao azul do céu nos seus próprios pensamentos
Não pensou no seu futuro, ela era o momento
Vi a ponta dos seus pés no gelado do cimento
Entre olhares meu desejo, povoar seu pensamento

Como se seus ouvidos pudessem respirar
O som invadia o corpo, como se fosse o ar
O som tomava forma, sensação de bem estar
Momentos de magia, muitas formas para amar
Marcas de batom na borda de um copo plástico
O peito euforia, abraços, riso fácil
E com desconhecidos, seguia, criando laços
Transpirava alegria era dona dos seus passos
Consciência admirável como as tintas de uma tela
Seus olhos tinham o brilho das cores da aquarela
O seu cabelo ao vento era a paisagem mais bela
Tinha a complexidade de uma Vênus moderna
Ascendeu ao azul do céu nos seus próprios pensamentos

Não pensou no seu futuro, ela era o momento
Vi a ponta dos seus pés no gelado do cimento
Entre olhares meu desejo, povoar seu pensamento
Entre olhares meu desejo, povoar seu pensamento
Entre olhares meu desejo, povoar seu pensamento



quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A última despedida...

| Hospital de Barretos - Setor de Hematologia |

- Filho, tô com medo... (fitando os olhos para o chão)
- Calma pai, 'tô aqui com você. Vai dar tudo certo. É um procedimento simples; logo termina (seguro bem forte a mão dele).

O médico chega.

- Boa tarde sr. Roldan. Tudo bem?
- Mais ou menos doutor. Estou com medo.
- Pode ficar tranquilo sr. Roldan. Já fiz mais de 500 procedimentos iguaizinhos a este e nunca aconteceu nada. (sorrindo e com tranquilidade).
          - Tem riscos?
- Tem sim. Todo procedimento médico envolve riscos. 
- E qual o risco então doutor? (com a voz embargada
- É o mesmo risco desse teto aqui desabar em nossas cabeças (com firmeza
- 'Tá bom doutor, obrigado. 
- Fica tranquilo. Te vejo daqui a pouquinho na sala de procedimento (bate as mãos nas costas do meu pai e sai)

Com as explicações médicas, eu fiquei mais tranquilo. Imaginei que meu pai estava com um medo desproporcional a complexidade do procedimento. E disse a ele:

- Acalma o coração paizão. Você não ouviu o que o médico acabou de dizer? Daqui a pouco você 'tá de volta. 
- Eu sei filho, mas mesmo assim. 'Tô com um aperto aqui no peito. E se acontecer algo, não esquece tudo que conversamos, tudo que te ensinei 'tá? 
- Claro pai, mas não vai acontecer nada. (fingindo calma, mas no fundo muito aflito)
- Não gaste mais do que você ganha. Dirija com atenção, principalmente na estrada. Não briga com seus irmãos. Não viva p'ra trabalhar. (ele respira fundo e continua) Viva bem filho. Tenha uma vida feliz. Promete? (ele sempre repetia isso, como um mantra).
- Prometo pai.  
- Obrigado por tudo filhão. Te amo muito 'tá? 
- Para com isso pai; também te amo muito paizão. Até daqui a pouco. (toda vez que ele tentava se despedir, meu coração se dilacerava. Mal sabia que essa seria a derradeira despedida).

A enfermeira anuncia o nome do meu pai:

- Sr. Roldan, já pode entrar.

Conduzo meu pai até a porta da sala de procedimento. Não fui autorizado a entrar. Fico na sala de espera. O procedimento não passaria de 45 minutos. Olho o relógio, já se passara uma hora. Indago a enfermeira:

 - ´Tá tudo bem? 'Tá demorando. 
- O doutor teve dificuldades para iniciar o procedimento, daqui a pouco termina, ok? 
- 'Tá bom.

30 minutos depois, aflito novamente interpelo:

- Oi, desculpa incomodar. Já terminou o procedimento? 
- Vou verificar, um instante.

Mais alguns minutos se passam. Perco a noção do tempo, pareciam dezenas de horas. Não consigo sentar. Levanto. Sento de novo. Olho incessantemente a porta. De repente, olho novamente e vejo o dr. George. Meu coração congela. Os olhos dele estão cheios de lágrimas. Não foi preciso dizer nada, os olhos dele disseram tudo, tudo o que eu não queria ouvir.

- Desculpa. Desculpa, eu fiz tudo que estava ao meu alcance, mas seu pai não resistiu.

Fiquei catatônico. Atônito. Mudo. Gelado. Incrédulo diante da notícia. Ele me abraça forte. Começo a chorar e a soluçar intensamente. O improvável aconteceu, o teto desabou bem em cima das nossas cabeças.

E é por isso que eu digo de coração aberto:

Nem todos os dias estamos bem; isso é normal. Nem todos os dias dizemos que amamos nossos pais; isso é normal. Mas nunca, nunca desperdice uma só oportunidade de demonstrar carinho, amor. De fazer um gesto de cuidado. Um carinho, uma lembrança. Um afago que pode ser um terno abraço ou um simples: como foi seu dia? Precisa de ajuda? Ou um singelo e sincero: eu te amo!

Cuide dos seus pais. Ame seus pais e deixem eles terem certeza disso.

Agora me restam as boas lembranças, os ensinamentos. As piadas, as gargalhadas, o futebol, os desenhos e telas, as canções acompanhadas do violão e depois do ukulele. A vontade de revê-lo é permanente. Como diria Rubem Alves:
A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
Todos os dias penso em voltar. Mas a vida nos dá e também nos tira; novamente recorro a Rubem Alves:
Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar.
Me dói a separação, mas me alenta a lembrança. O amor não se foi, pelo contrário, p'ra sempre ele vai ficar.
Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas, porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.
   
                                                                           
Roldan Alencar



terça-feira, 29 de outubro de 2019

#RubemAlves

“Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas, porque a gente não esquece. O que a memória ama, fica eterno.” – Rubem Alves

#reflexão

“Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.” – Érico Veríssimo

#RubemAlves

“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”, diria o escritor, ou, ainda: “Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora nem passeia por eles…”

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Definitivo | Martha Medeiros


Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...

Martha Medeiros

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Sobre amor, melão e futebol

Eu que nem gostava de melão
Evitava comê-lo desde tempos imemoriais
Mas me lembrei que era a fruta favorita da minha mãe
E decidi então "reexperimentá-lo"
Revisitar aquele sabor que outrora achava tão ruim

Na primeira mordida
Um sabor extraordinário
De lembranças
Lembrei da alegria da minha mãe comendo melão
Lembrei-me de quando ela estava gravemente doente
Quando meu pai carinhosamente o preparava
em pequenos cubos

Senti o sabor do amor
Do carinho
Da cumplicidade
Do cuidado
E a partir daquele instante
Minha fruta favorita se tornou o melão
O seu sabor de amor me conquistou

De forma antropofágica
Quando como o melão
Me sinto amado
Lembro do portentoso amor de mãe

E falando em melão
Lembrei de futebol
Eu que nunca fui um grande torcedor
Ao assistir uma partida do Santos (time de minha mãe)
Comemorei cada gol com tanta veemência
Será a magia do melão?

Não há um dia em que eu não pense nela
E nessas trivialidades da vida
Num melão ou num time de futebol
Sinto que ela ainda está em casa
Esperando que seu filho não chegue tarde

Roldan Alencar

sábado, 17 de agosto de 2019

Indelével



"Indelével é o seu olhar que penetrou minha'lma e nunca mais saiu"


Desde o dia que te vi
O seu olhar fitou o meu
Olhei para os lados
para cima e para baixo
Fingindo que você não olhava para mim
Mas no fundo eu sabia
Eu sabia que naquele momento 
Algo diferente acontencia
Ali, sozinhos na multidão

Não eram os olhos que se viam
Eram as almas
Era a energia emando e atraindo
as frequências de mesma vibração

Indelével é o seu olhar 
que penetrou minha'lma
e nunca mais saiu
Vulneráveis éramos nós
Quando vestidos no corpo
E desnudos na alma


Roldan Alencar



domingo, 4 de agosto de 2019

FLOR DO CACTO FLOR DO AMOR

FLOR DO CACTO FLOR DO AMOR

 Quero que nossos sentimentos sejam fortes como um cacto, e não frágil como as flores. As flores têm seu encanto e magia, de aparência suave, são cheirosas e coloridas, mas podem secar a qualquer momento. Enquanto que cactos, não despertam os suspiros dos apaixonados, mas resistem a mudanças do tempo. Diferentes das flores, o cacto tem raízes, e armazenam água em seu interior, o que fazem deles fortes, e lhe dão mais longevidade. Seus espinhos são como uma cerca de proteção para as flores que nele brota. Por isso, quero que nosso sentimento seja assim, igual ao cacto.  E que nele possamos saciar nossa sede. Que nossos abraços sejam como seus espinhos, e com ele nos proteja das adversidades das pessoas. Mas que brote uma linda flor seja lá de que cor, e que resista ao frio ao calor. Não sei o que acontecerá amanhã, mas quero predestinar esse sentimento, em sentimento de amor,  e como o cacto, que ele se transforme resistente forte e firme, sem medo de morrer.

MARIEL BENAION

terça-feira, 2 de julho de 2019

#citação

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar."


Clarice Lispector

terça-feira, 30 de abril de 2019

sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa , Odes de Ricardo Reis. Lisboa: Ática. 1946 (imp.1994). P. 148.

terça-feira, 19 de março de 2019

AUTOPSICOGRAFIA

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa
"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector