terça-feira, 12 de junho de 2018

Aprender a desaprender | reflexão

Parece contraditório, não? Mas não é.

Num mundo globalizado, tecnológico e competitivo a sede por informação é gigantesca, feroz e constante. Acumular conhecimento é muito bom, mas não pode ser qualquer conhecimento. Ademais as coisas mudam, se transformam e evoluem. Algumas coisas podem e devem permanecer, mas outras precisam ser transformadas ou simplesmente descartadas. 

Sabe quando apagamos fotos e arquivos do celular ou computador para ter mais espaço? Se não o fizermos o que acontece? O celular para de funcionar, não faz mais download e fica lento. Então, devemos fazer isso com a gente mesmo. Pegar tudo aquilo que é inútil ou ultrapassado e jogar no lixo (permanentemente). E isso é muito, mais muito importante. Lembrando que nosso upgrade é muito mais complexo que um aparelho eletrônico que você vai até a loja e escolhe um mais rápido - com 2 terabyte de armazenamento e sai feliz da vida.

Podemos fazer uma metáfora: somos um copo e o conhecimento é a água. Se colocarmos muita água o copo vai transbordar, certo? Não sabemos quanto e nem aquilo que será transbordado. Quando acumulamos muito conhecimento - de forma descontrolada e sem a devida atenção ou qualidade -  estamos enchendo o copo,  derramando conhecimento o tempo todo. Ficamos num ciclo vicioso. Enche e esvazia. Esquecemos de coisas importantes e lembramos de coisas inúteis. Eu sei, esse ciclo é fundamental, mas precisa ser racionalizado. Devemos ter um mínimo controle ou noção daquilo que entra e sai. 

Também sei que o cérebro é uma máquina incrível, que através da expansão neural e da neuplasticidade pode acessar e armazenar novas informações e habilidades numa escala surreal, ok! Mas por que não otimizar o uso dessa máquina? Qual a razão de deixá-lo sobrecarregado com informações, habilidades e vícios inúteis e muitas vezes prejudiciais?

Certamente a arte de desaprender é uma das artes mais difíceis que existem. Quando aprendermos a dirigir fora da autoescola chegamos com vários vícios: como manter o pé na embrenhagem (os instrutores preferem sempre alunos "crus" aos "experts"). Não é à toa que muitas empresas investem em pessoas inexperientes, desta forma eles ajustam a pessoa com o "espírito" da empresa. Uma pessoa experimente pode saber muito, mas certamente carrega vícios que são difíceis de mudar.

Veja só, quase todo mundo sabe que se comer menos e praticar exercícios será mais magra e saudável. Então devemos desaprender a comer muito e desaprender a ser sedentário. Devemos desaprender tudo aquilo que nos faz mal. difícil? Certamente. Estou tentando fazer isso agora e confesso que não tem sido nada fácil. Mas sei que o resultado valerá todo o esforço. Desaprender é uma forma complexa de aprender. Pois acreditamos que só podemos aprender aquilo que não sabemos, ledo engano. Aprender a desaprender é um dos pilares da evolução e do desenvolvimento humano.

Espero que possamos desaprender tudo aquilo que nos faz mal, assim sobra mais espaço para aprender aquilo que nos faz bem. Lembre-se: o primeiro passo para estar bem com os outros é estar bem consigo mesmo! (esse lembrete é especial pra mim).

Namastê,

Roldan Alencar

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