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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Poetizar

Poetizar é buscar outras formas
de dizer o mesmo
ou talvez uma tentativa de descrever o indescritível

Como verbalizar a furor de uma paixão?
Ou o amor de mãe?
Como descrever a beleza reconfortante de um rio?
Ou a paz de uma praia?

Poetizar é usar as palavras
Para tocar o intangível
É brincar de deus
Num universo onde tudo é possível

Dançar com as palavras
Balançar com o vento
E fluir com as águas

Ser guiado pelas estrelas
Ser iluminado pelo Sol
E acalentado pela Lua

Da fonte da vida
Não quero apenas beber
Tampouco encher meu cantil
Eu preciso transbordar.

Roldan Alencar

Detalhes

Eu busco os detalhes
Encravados na pele do cotidiano
E de imaginar
que outrora eu buscava apenas o ouro
Ouro de Tolo
E como tolo sempre buscava mais e mais
Antes mesmo de encontrar
por completo o que eu queria

Paradoxalmente
Ainda quero muito
Quero colecionar
Sorrisos, paisagens,
Pores do sol e abraços

Quero de todos os tipos

Pretendo ser abastado de caretas e alegrias
E para os tropeços recomeços
E para a dor muito amor

E tudo bem se eu chorar de vez em quando
É a alma sendo lavada e purificada

Amém!

Roldan Alencar

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Manoel de Barros,escreve sobre seu pai


_Fecho os olhos de novo.
Descanso.

Logo sinto fluir de mim
Como um veio de água saindo dos flancos de uma pedra,
A imagem de meu pai.
Ouço bem seu chamado.
Sinto bem sua presença.
e reconheço o timbre de sua voz:
___Venha meu filho,
Vamos ver os bois no campo e as canas amadurecendo
ao sol,
Ver a força obscura da terra que os frutos alimenta,
Vamos ouví-la e vê-la:
A terra está úmida e os potros ariscos a riscam de seus
empinos e de suas soltas crinas,
Vamos,
Venha ver as cacimbas dormindo repletas!
Venha ver que beleza!
..........
Abro os olhos.
Não vejo mais meu pai.
estou só.
Estou simples.

_____(Poesias)

quinta-feira, 7 de junho de 2018

"Inteligência fica cega mediante tanta informação".

Tive dificuldade para escrever esse texto, primeiro pela demanda de atividades profissionais, mas, sobretudo, pelo bloqueio da criatividade, vulgo “queda súbita de QI”.

Não por falta de assunto, aliás, informação tem de sobra. A questão é não chover no molhado e, ao mesmo tempo, não tentar reinventar a roda.

Alguns mestres já deram este alerta:

O saudoso e querido Manoel de Barros disse: “Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar. Sábio é o que adivinha.”

Luiz Felipe Pondé confirma: “Informação demais atrapalha”.

Tao-Te-Ching arremata: “Na busca do conhecimento a cada dia se soma uma coisa. Na busca da sabedoria a cada dia se diminui uma coisa.”

Na Era do Detox, recomendo a desintoxicação da mente. Fazer uma faxina daquilo que não serve mais, conservar as coisas dignas de serem conhecidas.

E como identificar essas “coisas dignas”? Segue a recomendação de um ser humano que merece toda credibilidade na arte de viver:

…“Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples”. Rubem Alves.

Resumo da ópera: escrevi este texto com a ajuda dos mestres acima, de uma boa xícara de café e pés descalços. Emprestando a expressão do mundo da moda: menos é mais.

Simples.

Acesse: http://leparole.com.br

quinta-feira, 1 de março de 2018

Poesia de Manoel de Barros

Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.

Manoel de Barros

sábado, 6 de julho de 2013

Ontem choveu no futuro...

Ontem choveu no futuro.
Águas molharam meus pejos
Meus apetrechos de dormir
Meu vasilhame de comer.
Vogo no alto da enchente à imagem de uma rolha.
Minha canoa é leve como um selo.
Estas águas não têm lado de lá.
Daqui só enxergo a fronteira do céu.
(Um urubu fez precisão em mim?)
Estou anivelado com a copa das árvores.
Pacus comem frutas de carandá nos cachos.

(Manoel de Barros, O livro das ignorãças)


"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector